quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Filosofia Tetralógica

FILOSOFIA 
TETRALÓGICA



Apresentação Tetralogia

TETRALOGIA ANALÍTICA
J. Jorge Peralta       
Apresentação
            Para nós, a Tetralogia Analítica é um modo vivencial de entender e interpretar o mundo e a vida.
É quase uma filosofia de vida, dado o seu compromisso com o pensamento coletivo e compartilhado, abarcando o globo e tudo o que nele se move e onde tudo se relaciona.
A Tetralogia não analisa apenas o ser pensante, fechado em si mesmo. O quarto pilar, ou linha de pensamento da Tetralogia assume a interação de tudo, a alteridade, as relações mútuas.
A Tetralogia não vê apenas o ser humano em si mesmo, com seus imensos valores e capacidade de pensar e arquitetar sistemas.
Vai além e vê o ser humano como locutor coletivo de um mundo complexo, do qual ele é um elo privilegiado e consciente, que não poderá nunca abdicar dessa condição, sem graves danos à harmonia geral.
A Tetralogia realça as forças que estabelecem a mútua interação das pessoas entre si e com todo o mundo que as cerca e as integra: a alteridade.
Os seres vivos do Universo participam de um grande complexo de forças centrípetas e centrífugas que vão direcionando a dinâmica universal da vida, onde todos os seres vivos  são interdependentes. Todos somos comprometidos com o equilíbrio e até com os desequilíbrios sócio-vitais que compartilhamos uns com os outros.

A Tetralogia Analítica

TETRALOGIA  ANALÍTICA
Uma Filosofia Humanista Interacional
(Linhas Básica )
J. Jorge Peralta

            1. A Tetralogia é uma proposta de modelo teórico para o estudo
do homem integral, em suas dimensões essenciais, articuladas de forma dinâmica. É uma Filosofia inovadora de restauração social e pessoal.
            A Tetralogia articula-se com a GLOBISSOFIA, a filosofia global que pensa o ser  pensante, em si mesmo e sua relação com os outros e com a natureza, (alteridade), abarcando ainda o sagrado e o profano.
Assume a alteridade como componente integrante da personalidade.
Daí deduzimos as forças motriciais da mente das pessoas, nas dimensões centrípetas e centrífugas.
As forças centrípetas, articulam-se para formar a pessoa  em si mesma, como indivíduo pleno e soberano: o físico,  psíquico, o racional e o social.
As forças centrífugas, articulam-se para completar a pessoa no binômio essencial: o EU e o OUTRO. A alteridade que produz o altruísmo é o ponto de referência do próprio eu.
“O Homem é um animal social”, diz Aristóteles.
As forças centrífugas do homem envolvem questões antropológicas que abordam a interatividade.
O eu adquire a auto-consciência, em contraste com o outro, em relações mútuas espelhadas.

2. O homem tetralógico é o cidadão consciente, participante, altruísta.
Para Jung as forças centrípetas da mente são opostas às forças centrífugas.
Às forças  centrífugas são representadas pelo subconsciente coletivo. O psiquismo do indivíduo contém elementos do mundo exterior que lhe vêm pelas forças centrífugas do outro.
O homem integral é, assim, o resultado de forças motriciais centrípetas e centrífugas, que lhe dão o equilíbrio, em si mesmo e em sua relação com o mundo exterior em que se completa.
O Pensamento Tetralógico forma o homem, comprometido com o meio em que vive. O homem tetralógico nunca será uma pessoa passiva: Pensará em si e pensará no outro, na reciprocidade, na alteridade.

3. Daí o modelo tetralógico que propomos, para o conhecimento pleno da pessoa humana, sintetizadas como: psiquismo, razão, ação e interatividade.
Essas quatro forças motrizes se subdividem. Podem ser também consideradas como: sentimento, pensamento, ação e interatividade. Ou ainda: sentir, pensar, agir, interagir ou dialética, física, ética e interatividade.
A forma tripartida de analisar a pessoa humana é mais comum historicamente: dialética, física e ética.

O modelo tetralógico analítico é o que propomos, ao recuperar a alteridade, como parte integrante das forças que integram o núcleo básico da pessoa humana, enquanto indivíduo e animal social.
Com o quarto elemento, a interatividade, (a alteridade, a diversidade, a pluralidade,  a convivência, o compartilhar), como essencial ao ser do indivíduo, superamos as formas fragmentárias de consideração da pessoa humana, como indivíduo, mas sem o elo que o completa: o outro, que cria o processo de intercomunicação: As forças centrípetas, em equilíbrio, precário com as forças centrífugas.
No mesmo processo tetralógico, situamos: ciência, tecnologia, humanismo e espiritualidade, ou: sentimento, razão, ação e alteridade.
Transversalmente a tetralogia, integra, no todo, a espiritualidade e a meditação. Propõe ainda as forças materiais e espirituais, como necessárias  a uma visão plena do ser da pessoa.
Na Tetralogia, o sagrado e o profano convivem e interagem. Não se confundem, mas articulam-se sem preconceitos, numa visão holística.  A Tetralogia quer articular as forças de um novo tempo, somando e multiplicando e não dividindo ou diminuindo, sempre compartilhando.
Daí vamos buscar na filosofia grega os conceitos de Kronós, o tempo cronológico, da quantidade, que se articula, na pessoa, com o  Kairós, o tempo psicológico da qualidade, da espiritualidade e não material.

4. A Tetralogia Analítica é uma corrente filosófica que agrega, aos modelos já conhecidos, a interatividade, que se caracteriza como força centrífuga  do sujeito pensante  que vai,  em termos sistêmicos, formar o subconsciente coletivo. A Tetralogia articula-se com um humanismo multidimensional.
A Filosofia, regra geral, é  trilógica, com base na tríplice acepção do ser: o ente de razão, o ente real e o ente moral; ou ainda: dialética ou lógica, física ou natural; ética ou moral. Um ser racional só se justifica e se plenifica pelo outro, pela alteridade.
A estas três acepções, acrescentamos o elemento interacional que se caracteriza pelas relações de alteridade. A pessoa não se completa a não ser no outro.
Acrescenta-se o foco construtivista que é a competência da pessoa para interagir, receber e assimilar elementos do contexto em que vivem.
Segue o apelo de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”.
O Cristianismo é essencialmente tetralógico. O Mandamento Novo que o Evangelho nos propõe, corresponde à linha quatro da Tetralogia: “amai-vos uns aos outros”.
A Tetralogia sabe que o Bem e o Mal continuarão a coexistir, lado a lado, no mundo dos mortais, como duas forças antagônicas, mas não absolutas, sempre em conflito e em disputa. Sem obscurantismo, precisamos aprender a articular-nos, neste mundo cheio de  paradoxo, para podermos ocupar nosso espaço...
A Filosofia Taoístas pode nos ajudar nesta reflexão, ao nos dizer que no mundo dos homens, não há o bem nem o mal absoluto; antes, em todo o bem há algo precário e em todo o mal há uma faúlha de bem que pode regenerá-lo.

5. A Tetralogia Analítica procura desenvolver a consciência da pessoa, a partir de valores universais, que dão o status de Ciência  aos estudos  em que nos envolvemos. Pensa e define os elementos básicos universais, que caracterizam a pessoa humana.

Acreditamos que a Tetralogia é  uma base sólida, firme, de cunho humanístico, que pode contribuir, com  segurança, para criar a grande civilização cósmica, que vem sendo gestada, em meio ao caos atual, prenúncio de grandes e urgentes mudanças e ajustamentos, para garantir a vida e a convivência no Planeta Terra.

Acreditamos que a linha quatro da tetralogia faz parte da organização básica do universo total. Para nossa relação com ele, e nele nos orientar, usamos os quatro pontos  cardeais abarcar a totalidade do Universo  e da Rosa dos Ventos: Norte, Sul, Leste e Oeste. O quatro tem inclusa a ideia de totalidade.
Da mesma forma, dividimos a dinâmica das forças vivas da terra, em quatro estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Nesta perspectiva, a Tetralogia quer, efetivamente, ser um modelo teórico capaz de harmonizar a pessoa, como indivíduo “soberano”, e como pessoa social. Integra o universo do subconsciente coletivo, em conjuminação com as características pessoais que os distinguem dos demais.
A Tetralogia Analítica propõe-se como um modelo teórico-prático para compreender a complexidade do ser humano integral e sua relação e interação no seu mundo. “Ser é ser com alguém...”
A Tetralogia dá-nos outro modelo: o sistema  de debate de ideias, em busca de sua força  transformadora: “ver, ouvir, pensar e agir”. Este é o formato do diálogo e da pesquisa criativa.

Falamos da Tetralogia Analítica, porque não estamos preocupados em aprofundar apenas a teoria especulativa, que é outra questão. A filosofia especulativa (teórica), busca a verdade, por si mesma; a filosofia prática busca a verdade em razão da ação ou das obras.
Filosofia Prática envolve a ética geral, familiar, profissional e política, e também poética e as artes.
Consideramos que as empresas precisam, com base na nova tetralogia, desenvolver uma cultura integral:
a segurança, a ética, a produtividade, o desenvolvimento sustentável. Neste último está a alteridade. Precisamos, então, desenvolver uma cultura Integral Tetralógica, na pequena, média e grande empresa, na academia  e nas religiões. A Filosofia Tetralógica manterá, nas organizações, um espírito produtivo seguro, ético e amistoso, tendo cuidado com  a qualidade de vida e o bem-estar de todos.
Isto é desejável nas empresas, na academia, na ciência, nas tecnologias, nas letras e nas artes: em todas as atividades humanas. A Filosofia Tetralógica nos impele a procurar melhorias contínuas.

6.  A Filosofia de trabalho da Tetralogia levou à formatação de um movimento, o Pacto Humanista Global, ou GlobiPacto, voltado a uma ação interior e exterior transformadora, que possa contribuir para a melhoria das condições de vida dos humanos, no seu mundo, que leva à preservação e ao cultivo da natureza.
Na Linha Quatro da Tetralogia, a alteridade e a reciprocidade, é estimulada a cultura do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Socialmente estimulam-se movimentos e instituições que ponham as pessoas em contato com a natureza, com a formação do caráter e outro de caris semelhante.
O GlobiPacto parte da formatação da Macrópolis, como paradigma teórico utópico do que seria uma sociedade efetivamente Tetralógica, que é a sociedade desejada, talvez distante ainda. A Tetralogia é a força matricial da Macrópolis: leva à revitalização sócio-psico-cultural da vida nas comunidades humanas, em nível micro e macro grupal.
O humanismo multidimensional não se consolida sem as forças da natureza. A alteridade envolve o meio ambiente.

7. Elaborado o modelo tetralógico, pesquisamos outros paradigmas, em que pode ser encontrada alguma similitude de interpretação das forças que o regem.
Verificamos então que nosso modelo filosófico pode se aproximar da Filosofia de Bérgson,  do Construtivismo de Piaget e da Psicologia de Jung.
O parentesco destas  filosofias e correntes pedagógicas e psicológicas, no que as aproxima ou que as separa, será estudado em capítulos posteriores.
O Modelo elaborado pela filosofia tetralógica quer ir além das ideias de gabinete, do mundo acadêmico. Abrindo espaço à consciência deverá suplantar, em muitos espaços, a mediocridade que rege certos comportamentos, atitudes e pensamentos e sentimentos.
Articulando as forças centrífugas, estabelece contato e compromisso  com a alteridade, com a vida, em todas as suas dimensões. É uma Filosofia  de compromisso social, formando uma quase milícia humanista, voltada a construção  de uma sociedade mais justa e harmoniosa, de gente consciente e responsável. Procuramos consistência teórica e coerência prática.
Da Filosofia Tetralógica compreendemos melhor os conceitos da força matricial do Livre-Arbítrio. A Tetralogia dá, à vida das pessoas, mais amplos e mais desafiantes horizontes. Dá-nos mais elementos para superar e resolver os dilemas da vida.
[Palavras-Chave a Pesquisar]
[Tetralogia Prática; GlobiPacto; Macrópolis; GLOBISSOFIA; Forças Centrífugas e Centrípetas; Forças Motriciais e Forças Matriciais; Alteridade;  Kronós e Kairós; Valores Universais; Civilização Cósmica; Humanismo; Construtivismo; Bérgson; Jung; Piaget; Interatividade; Subconsciente Coletivo] – (Aguarde)
Texto em Construção
Início (26.05.2010)
Última alteração (15.09.2010)

Cidadão Macrópolis

PARADOXOS E PARADIGMAS
Das Adversidades às Oportunidades
J. Jorge Peralta
“Conhece-te a ti mesmo
e dominarás o Universo”
Sócrates – Filósofo
“A Tetralogia assume a alteridade
como parte integrante da visão de mundo”.
I
DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DA VIDA

1. O cidadão consciente, no mundo atual, é uma pessoa comum que vive de olhos abertos, antenado, atento ao que se passa em seu redor. Sabemos que a consciência teórica não é tudo; ela é feita de pensamento, de ideias, de experiências e de vivências.
É uma pessoa de visão plural que sabe viver e conviver com a diversidade, num mundo multipolar, em termos sócio-culturais, políticos, econômicos e comerciais. Uma pessoa que procura adotar valores humanísticos universais, em vez de se deixar levar por alguns frágeis equívocos atuais.
É uma pessoa que busca a articulação dos seus semelhantes e dos contrários, buscando os pontos de intersecção comuns. Buscando harmonias.
É uma pessoa que pugna pela soma de forças, onde é possível a convergência; luta pela unidade e nunca pela unicidade. Luta contra a degradação causada pela corrupção e por interesses e atitudes anti-sociais. Sabe que o semeador de cizânia semeia sementes desagregadoras e traiçoeiras nas melhores searas. Está sempre atento às manobras do inimigo, para se prevenir e não ser surpreendido. Segue o adágio: Antes prevenir do que remediar. Precisamos saber mudar alguns refrões da moda, ainda que seja penoso remar contra a corrente.
É uma pessoa que sabe que não há rosa sem espinhos; que sabe que “Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele espelhou o céu”, como observou Pessoa; sabe que, “se quisermos ver as borboletas, teremos de suportar algumas larvas”. (Exupery)
Neste ponto adotamos as bases da Filosofia Taoísta que nos demonstra que entre os mortais não há o bem nem o mal absoluto e então podemos sempre aprender algo de todos e não podemos menosprezar ninguém de boa vontade.

2. O cidadão consciente olha as forças antagônicas, dialeticamente, sem o ranço do maniqueísmo que divide a humanidade, e sabe que esta divisão é um grande desafio para os sábios.
Sabendo que os fatos e atitudes podem ser observados de diversos ângulos, fica atento para não deixar de considerar algum aspecto e não ser injusto e nem vítima de golpe traiçoeiro.
Moralmente sabe que ser conivente ou complacente com a corrupção ou com os violadores dos direitos alheios, torna-o cúmplice de atitudes que envergonham a sociedade e a humanidade.
Sabe que os valores éticos e morais não podem ser sacrificados a interesses imediatistas ou circunstanciais.
Sabe que a corrupção leva à degradação generalizada das instituições, minando a paz e o bem-estar. A corrupção e a ganância são o câncer letal das sociedades. Esta doença vai tomando dimensões de pandemia, ao se alastrar por toda a malha social, bafejada por pseudo-democratas: por lobos em pele e ovelhas. Há que lhe pôr um paradeiro, mostrando o outro lado. Há que distinguir: democratas de tecnocratas, de bufões, de trapalhões e de ditadores disfarçados.
Há um reforço mercadológico, em todos os níveis da sociedade, que revitaliza “estátuas” de barro e até personalidades sórdidas, com artificiais retoques dourados e faces rosadas e sorridentes é o fator fotoshop ou o botox pseudo-ético e de tom pseudo-social, criando tiranias, mascaradas de democracias, perpetuando-se no poder que não lhes pertence que os faz usurpadores.
Sabemos, com convicção, que mesmo em dias tristes ou na escuridão, podemos sentir brilhar a luz na nossa mente e no nosso coração. A cada nova aurora, o sol desfaz a noite escura. Dialeticamente o dia sucede a noite, como a noite sucede o dia.

3. O cidadão consciente está convicto de que prevenir as pessoas contra a corrupção e a desmoralização da sociedade não é moralismo vazio, mas obrigação de todo o cidadão responsável. As pessoas apenas não devem temer o patrulhamento dos exploradores da boa fé e da ignorância das pessoas.
O silêncio dos covardes também é responsável pela degradação da sociedade, pela injustiça, pela repressão e pela desconfiança generalizada no seio da sociedade contemporânea.
As pessoas conscientes não se deixam cooptar pelo novo fundamentalismo “politicamente correto”, discutido e arquitetado em bares da “Vila Madalena”, que, com esse ou outro nome, estão em todos os centros urbanos da moda, aqui e no exterior.
Impor silêncio aos inocentes é crime inafiançável... Silenciar pode ser uma armadilha sórdida. Calar nem sempre é compactuar!
II
O TRIUNFO DAS NULIDADES

4. Em nosso meio, a partir do início do século XXI, a corrupção e o golpe baixo foram institucionalizados. Mas a prática começou a se agravar muito antes.
Enfim, já no tempo dos início da República, Rui Barbosa assustado com os rumos de amoralidade que infestavam a sociedade, fez uma dolorosa e constrangida observação, mais como uma advertência:
De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto...”
Nos últimos anos, esta degradação assumiu proporções assustadoras. Tomou conta de todas as instâncias do poder. Para evitar reação das pessoas responsáveis que ainda prezam a ética, o caráter e o bem público, arma-se uma tremenda e assustadora máquina de intimidação e chantagem. Há uma “quase máfia”, agindo sem limites de ética ou de honra, para dominar a sociedade, em diversos países e em toda a malha social. Usam a seu favor instrumentos, antes criados para preservar o interesse de toda a sociedade. São poucos controlando muitos.
Somos uma sociedade cercada por uns poucos, matreiros e sagazes bem organizados em “redes” (locais, nacionais e até internacionais?!) por toda a parte, acuando as pessoas pensantes que acreditam no bem. Canalhas sempre os tereis convosco, poderia ter dito o Mestre. Desde quando é assim, eu não sei, mas a ousadia dessa gente feroz, hoje em dia, às vezes vai além da imaginação, com uma ousadia sem limites de ética ou de atrocidades.
Arma-se uma sórdida guerra suja, entre “facções” de que ninguém sabe o desfecho.
“Quando se muda uma lei, muitas mais podem se mudar”.
É sabido que este é um beco degradante da sociedade que não pode prosperar sem grandes prejuízos.
É preciso alguém intervir para evitar uma catástrofe que se anuncia, nas vias empoeiradas, que a chuva deixará enlameadas... A sociedade precisa de paz e solidariedade, com justiça e mútua cooperação e não mútua exploração ameaçadora de “aves de rapina”.
É preciso contrapor esta situação, com uma resistência construtiva, sem negatividade. Até porque todos sabemos que “não há mal que não se acabe e nem bem que sempre dure”, como avisa a sabedoria popular.
Só uma sociedade consciente é capaz de agir e reagir tetralogicamente, isto é, saber pensar nos outros e não apenas em si mesmo; ser altruísta e se agigantar.
Em nosso tempo vicejam muitos pigmeus de caráter e falsários; mas também não nos faltam gigantes de ética e moral, atuantes, talvez anônimos, que garantem a vitalidade na humanidade.

5. Alguns talvez proclamem, alto e bom som, talvez irados, que isto são ideias conservadoras, ultrapassadas, passadistas. Que hoje o que vale é a ideologia dos progressistas. Pois eu lhes direi: Qualquer ideia de progresso baseado no triunfo das nulidades, na desonra, na injustiça, na infâmia, na rapinagem, na ignorância do povo ludibriado, na vergonha das pessoas audaciosas e competentes, e no silêncio dos inocentes ameaçados e humilhados, só leva à solidão, à desilusão e ao nada. Mas eles não passarão!
Nestes tempos, em que a verdade é ocultada por “canhões” que ameaçam quem ousar levantar o véu negro que a esconde aos olhos das nações e a substitui por mentiras camufladas, a humanidade terá dificuldade para mostrar o próprio rosto envergonhado.
Precisamos trocar o jogo da mentira traiçoeira pelo jogo da honra benfazeja. Só este leva a humanidade a um porto seguro. Quando os detentores do poder forem proibidos de maquiar o próprio rosto e de ações, e o próprio caráter e a ética, então o povo saberá quem elege e o estado da nação, sem máscaras e sem retoques.
Refletimos, como observador e pensador, com posicionamento suprapartidário, com os olhos e os ouvidos bem atentos, buscando olhar todos os múltiplos ângulos dos fatos e atitudes que nos cercam. Posiciono-me num ponto de encontro comum a todas as pessoas de boa vontade...

6. O cidadão consciente sabe conviver numa sociedade de pessoas sábias, honestas, solidárias e empreendedoras que vivem, lado a lado, com pessoas sórdidas, mentirosas, traiçoeiras, demagogos, corruptores repugnantes. Sabe distinguir uns dos outros. Sabe que essa convivência é condição da vida na sociedade, devendo a pessoa saber se acautelar sem ser cooptada. Sabe que as pessoas podem mudar.
Pessoas sábias, honestas, empreendedoras?! Sim, elas existem. São a maioria da nação embora amordaçada, em alguns meios de expressão...
O cidadão consciente sabe que vive na cidade real e não na ideal. Os momentos ou fatos que nos revelam o caos e os desarranjos da sociedade devem ser ocasião privilegiada em que melhor nos preparamos para procurar os remédios mais adequados à esperança da coletividade, superando os males que incomodam e desagregam a população.
Precisamos saber superar a mesquinhez e as misérias da sociedade, com muita grandeza e esperança.
A pessoa consciente é aquela que procura ter uma vida clara, ainda que o mundo seja opaco. Até porque as pessoas que causam e cultivam esta sociedade corrupta e perdulária, sempre negarão a existência de tais desarranjos. Como é aí que tiram vantagens, isso que, para a coletividade, é um mal lastimável e deplorável, para eles é “um bem”.
Enfim, é o caso de lembrarmos um oportuno adágio popular;
O pior cego é o que tem bons olhos e não quer ver”.
A frase clássica mil vezes repetida:
“Eu não sei de nada”; “eu não sabia”; “eu não vi nada”; “isso é invencionice”; “isso não é comigo...”
Artesanato-  Moçambique
O modelo que também aqui se aplica é o dos quatro macaquinhos: não vejo, não ouço, não falo e não faço...

7. Há uma conhecida categoria da sociedade que provoca o caos e o sofrimento para poder denunciá-lo e se apresentar como “salvador” de pau-oco, ou advogado de causas perdidas.
São os adeptos do “quanto pior melhor”...
São os semeadores da discórdia; os semeadores da cizânia. Estes, visando levar vantagens de tudo, principalmente das misérias humanas, satanizam pessoas honestas ou instituições, para enxovalhar-lhes a honra, desacreditá-los e jogar a massa contra os seus melhores defensores. Essa tática é clássica na história humana. Cuide-se quem puder...

III
POR UM HUMANISMO MULTIDIMENSIONAL

8. As pessoas que lutam pelo bem-estar social, com respeito e dignidade, muitas vezes não conseguem se defender de certas armadilhas bem arquitetadas, propagadas aos quatro ventos, por incrível força do sistema de informação dos formadores de opinião, semeadores do caos...
As pessoas defensoras do bem, às vezes revelam lastimável despreparo e amadorismo, no embate com as forças perniciosas.
As forças desagregadoras da sociedade, geralmente fazem o seu trabalho com persistência, provocando efeitos devastadores na sociedade, por falta de coragem de dar-lhes a resposta de que a sociedade precisa para esclarecer-se e reagir.
As catástrofes que abalam muitas sociedades, pelo mundo afora, só se propagam, ou pela violência, ou pela omissão de quem sabe a força desagregadora de certos princípios, às vezes passados como benefícios à sociedade, quando são reais malefícios. É preciso tirar a máscara.
A complacência, das pessoas esclarecidas, permite que a mediocridade se propague com fama de grandeza.
Muitas vezes a mediocridade é imposta por intimidação, em nome do deplorável e medíocre princípio do “politicamente correto”, que impede as pessoas de pensar e de falar. Trata-se de repressão ignóbil, porém mascarada
Deixam assim o campo livre para a propagação de devastadoras e intimidantes conspirações, degeneradoras da justiça e da solidariedade humana.

9. O cúmulo da degradação é o fato de que alguns valores essenciais à boa convivência humana são considerados valores superados e descartados, tais como: a honra, a dignidade, a verdade, a justiça, a fraternidade,... e muitos mais. Precisamos formular um humanismo multidimensional.
É bem sabido que a maior riqueza das pessoas, como das nações, são seus valores morais. No entanto, são esses valores que, por toda a parte, vão sendo descartados, em favor de interesses deletérios, que vão solapando a dignidade humana, a liberdade e a justiça. Os novos valores vão sendo suplantados pela força do poder econômico despótico mais sórdido e destruidor do que uma guerra civil. As pessoas vão sendo objeto dos interesses de poucos.
Uma “terceira” guerra mundial há muito vai se alastrando por muitos países, camuflada de “local”. Já fez muito mais vítimas do que a segunda guerra mundial. Milhares de pessoas são assassinadas fisicamente e muitas mais moralmente, em nossas cidades, pelo mundo afora, diariamente, em tempos de “paz”. Que paz?!
Lutar pelo bem-comum é dever de todos, para construir um país grande e próspero, respeitando o direito de cada um.
No entanto, a inversão de valores, que testemunhamos em nosso tempo, vai implantando tiranias, garantidas por uma espécie de terrorismo de estado, que vai consolidando como moda, pelo mundo afora. Instaura-se um autoritarismo vazio, golpista e interesseiro, mascarado de bem-comum...
Os que têm por missão a defesa da sociedade, por vezes invertem os papéis, atemorizando-a, em benefício próprio e de poucos.
Assim agem os regimes pseudo-democráticos, como se fosse possível democracia e como se transgressão a direitos básicos do cidadão fossem condições normais, sem razões internas que o justifiquem, em função do bem-comum.

10. O conceito e a prática da justiça e da injustiça, em muitas circunstâncias tem valores cruzados ou invertidos: a vítima sai tratada como culpada e o culpado como vítima. O inocente como bandido e o bandido como inocente.
O defensor do bem-comum como algoz e o algoz como defensor do bem-comum.
Os que cometem atos anti-sociais são exaltados e os defensores do bem comum são, por vezes, humilhados. A história está repleta de casos deste gênero.
Perdeu-se o conceito da alteridade em benefício do individualismo mais soez e sórdido.
Assim, muitas vezes, em pequenos, médios e grandes (caros) processos, quem não souber se defender, ou o advogado se descuidar e perder os prazos, talvez em golpe combinado, (intencional?!), o que se chama de “justiça” muda de conceito: a vítima é duplamente humilhada. Sabemos que, em nome da justiça, que tem por missão preservar os direitos de cada um, se faz exatamente o contrário, sem que o humilhado e injustiçado tenha como se justificar socialmente. Afinal, a “justiça” goza de “credibilidade”, inquestionável (?!). Sem se saber separar o joio do trigo, não é possível fazer afirmações justas...
Muitas vezes, a “justiça” depende de um “bom” advogado e não do direito inquestionável. A “justiça” nem sempre é cega.
É o que se chama abuso do poder e manipulação das brechas legais, ou de interpretação... em benefício de alguns...
E ainda declaram, com cara deslavada: “Quem pode mais chora menos”. Ou: “quem paga manda”.

11. Lutar contra essa tragédia anunciada é dever das pessoas mais preparadas e conscientes.
Esta luta, com a bandeira da Macrópolis, é sim, uma grande utopia autorrealizável, mas não uma miopia moral, histórica, sociológica ou política; até porque a verdadeira luta, por uma sociedade mais justa, só é viável, em pessoas de olhos e ouvidos bem atentos ao bem comum, sem subjugar ninguém, o que é direito da pessoa.
O sadio, entusiasta e lúdico-naturalista movimento dos Escoteiros ou algo equivalente, precisaria retornar à nossa sociedade, para pôr os adolescentes em contato com a natureza, numa convivência sadia e com princípios éticos bem formulados e testados, num processo lúdico...
O espírito do Escotismo formou muitas gerações de pessoas atentas à vida, com princípios sólidos.
Numa sociedade essencialmente e naturalmente plural, sempre precisamos estar dispostos a negociar, pelo bem-comum.
Na sociedade civil, a negociação é inevitável, por um bem maior. É a arte do possível. Entre o pior e o melhor, existe o meio termo do possível.

12. No nosso mundo há muitas crenças, algumas antagônicas, mas todas respeitáveis, em nome da diversidade.
Há também os descrentes e os agnósticos. Todos precisam buscar o denominador comum que os reúne numa mesma humanidade e num mesmo espaço. Questões de fé podem ser úteis para reunir pessoas, mas não podem ser utilizadas para dividir a sociedade e prejudicar a vida.
Cristãos, judeus, budistas, islâmicos, shintoístas e todos os demais precisam saber se sentar à mesma mesa, para discutir uma pauta que a todos reúna e não separe. A única condição é a lealdade...
Discórdias e concórdias, convergências e divergências, forças centrífugas e centrípetas, fazem parte do desenrolar do processo vital da convivência humana.

IV
CONSTRUTIVIDADE DO CIDADÃO

13. No entanto, o cidadão consciente é aquele que sabe que “não há mal que não se acabe, nem bem que sempre dure”. É então realista. É uma pessoa atenta à construção de um futuro melhor, a partir do agora. Cultiva a esperança.
O cidadão consciente sabe olhar, com otimismo, o futuro da humanidade e da sociedade em que vive.
Mesmo nos momentos mais difíceis, sabe que é possível fazer algo para melhorá-la, através da reflexão e de atitudes transformadoras.
Problemas à espera de solução sempre os houve e sempre haverá. A questão é outra. Hoje as pessoas têm mais capacidade de reagir e de cooperar. As pessoas são mais proativas e menos omissas.
As pessoas têm uma capacidade imensa de reagir, diante das adversidades, das inconsistências e das divergências. Para muitos a adversidade gera novas oportunidades.
O saber sofrer é a semente de novo amanhecer.
As pessoas “felizes”, a quem nada falta, às vezes sofrem de precária imaginação, disse Fernando Pessoa. A dor como o frio deixa mais fértil a natureza.
Sempre foi assim, através dos tempos. Os humanos precisam de desafios para buscar soluções, em novos caminhos.
Davi surgiu como um grande líder carismático, quando surgiu Golias às portas de Israel. Sem Golias, Davi seria sempre o último dos muitos filhos de um pai cuidadoso.
O nosso mundo está pleno de casos paradigmáticos, em que a pessoa fez da adversidade o trampolim, para abrir novos caminhos.
Deus não fez um mundo sem problemas, mas deu aos humanos a competência para buscar soluções; deu aos humanos missões transformadoras onde podem comprovar as suas competências e seu poder de atuação e criatividade. Deixou-nos um mundo em construção para que cada um possa fazer a sua parte e assim, se sinta útil à humanidade. É que cada pessoa nasce com uma missão própria e intransferível...
14. As pessoas sabem que se souberem reagir na adversidade, com coragem, persistência e dedicação, o amanhã lhes reservará boas surpresas.
As pessoas sabem que, na vida, nada é fácil para ninguém, mas que a dedicação e a busca de novos conhecimentos lhes abrirá grandes oportunidades e novas perspectivas.
Que ninguém esqueça que o criador da APLE – Computadores foi um menino abandonado e teve de vencer inesperadas dificuldades e traições, até chegar ao topo social, por sua competência, coragem e dedicação; por seus méritos.
Exemplos como este, de pessoas que sabem superar as adversidades, encontrâmo-los aos milhares, em nosso meio. Mas hoje as pessoas são empurradas para a rapinagem e contravenção, em vez de aprenderem a reagir e vencer com ética, mérito e honra e portanto, com orgulho sadio e tonificante.
Em vez de cultivarem a coragem e a honra, cultivam a malvadeza e a traição, tentando levar vantagem. O que colhem é vento, e quem semeia ventos colhe tempestades.
Há muitos parasitas, circunstancialmente,
“postos em sossego,
num sonho d’alma ledo e cego,
que a fortuna não pode deixar durar muito...” (Camões)
Há que considerar ainda o poema “Desconcerto do mundo” de Camões:
“Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E, para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só para mim,
Anda o mundo concertado”.


15. A pessoa consciente e otimista bem sabe que é capaz de ir muito além de suas limitações; que deve ser sempre mais desafiante de si mesmo e mais exigente, na qualidade de sua atuação e de suas escolhas; sabe que sempre pode fazer mais por seu mundo e que não pode fazer nada que possa prejudicar outras pessoas; sabe que a vida não é fácil para ninguém.
A pessoa consciente não compete com os outros, mas consigo mesmo: procura hoje saber mais e agir melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje. E pode ajudar os outros a também se superarem, a irem além de seus limites. A pessoa conscientes sabe que crescer é crescer junto. Ser é ser com alguém...
A pessoa consciente é aquela que tem compromisso com a vida atual e com o futuro; com a humanidade. Sabe subordinar os interesses pessoais aos interesses coletivos. Põe seu ideal muito à frente do possível. Sabe que a sua dedicação e sua competência pode melhorar a vida no seu bairro, na sua cidade e em toda a humanidade.
Os parasitas não podem ser tolerados. Mas devem ter oportunidade de se superarem.
Não é possível compactuar com os tiranos, mas talvez precisemos saber conviver com eles.
Mas sabe também que as conquistas que precisa almejar são tanto no campo de empreendedorismo empresarial, como na qualidade de vida das pessoas e sua auto-realização pessoal. Ele bem sabe que o ser humano não é uma máquina, que apenas produz, mas uma pessoa que tem família e pensa, faz, ama, sente, vive, convive, sonha e coopera. Mas, sem produtividade, não há honestidade e nem prosperidade. Cada um faça a sua parte.
A pessoa consciente sabe que nem só de pão vivem os humanos, mas que, sem pão, a vida não pode ir muito longe. Só prezar e cultivar os valores superiores da humanidade, em todas as suas dimensões, garante o bem-estar e a prosperidade duradoura.
V
FOCO NAS FORÇAS AGREGADORAS
16. A Macrópolis é a cidade que queremos; Megalópolis é a cidade que temos. Para nova realidade, novos paradigmas. Este é um paradigma utópico, criado como uma plataforma de criatividade cívica.
A criatividade e o sonho são qualidades e atitudes próprias dos humanos, superando os tecnocratas e deixando para trás os que põem as finanças acima dos valores humanos coletivos.
Esta é a base da Macrópolis. E esta é um protótipo ou uma maquete do que pode se pode transformar na nova cidade de pessoas proativas, solidárias e conscientes.
A Macrópolis é um projeto de uma cidade que sabe respeitar as pessoas e a natureza: os vegetais, os animais, o solo, o subsolo, as águas e o ar: todos convivendo em harmonia geral. Uma sociedade em que tudo e todos se relacionem, em mútua afirmação.

17. A Macrópolis é mais do que um conceito auspicioso, mais do que um nome agradável aos ouvidos, à mente, ao sentimento e à vida que quer sempre melhorar.
A Macrópolis significa uma intenção, tendência e esforço para implantar melhorias constantes e oportunas na vida das pessoas, na vida da cidade.
Macrópolis é presente, é passado e é futuro, a uma só vez, porque a vida tem raiz, como as pessoas. Ao viver a nossa vida, precisamos pensar nas condições de vida que legamos à posteridade, sem esse egoísmo predador que vai contaminando tudo e muitos...
A Macrópolis nunca terá resposta para todas as perguntas, nem solução para todas as questões, mas nunca terá medo de perguntar ou de problematizar, buscando razões para esclarecer a consciência e abrir caminhos. Perguntar ajuda a pensar. As perguntas mais eficazes são as que fazemos a nós mesmos, a partir dos princípios que nos inspiram.
São as perguntas e os problemas que põem a Macrópolis em ação, tendo em mira o bem-comum, com a justiça que cada um merece.
Justiça é dar a cada um o que precisa, nas proporções dos próprios merecimentos, sem golpes, sem falcatruas, sem parasitas e sem paternalismos humilhantes.
Justiça é oferecer o anzol e ensinar a pescar. Dar “esmola” a quem pode trabalhar é humilhar.

18. A Macrópolis é uma cidade de gente que faz e vive, com consciência, e que sabe operar as máquinas, colocando-as a serviço de uma vida melhor.
Uma cidade onde pessoas cultivam o bom humor e a alegria de viver e conviver; onde a pessoa trabalha para melhorar a sociedade e deixar um legado moral e, se possível, material para os seus. Que lhes deixe, ao menos boa educação, bons princípios e o exemplo de dedicação e ousadia.
Este é o cidadão da Macrópolis que sabe articular a vida nas duas cidades.
O cidadão Macrópolis não se propõe como Salvador do Mundo, nem de nada. Apenas se propõe revitalizar as forças positivas que as pessoas portam dentro de si mesmas. Não combate as forças negativas e desagregadoras, nem combate nada; apenas reforça as forças positivas, criadoras e agregadoras, numa espécie de maiêutica socrática. As soluções estão dentro das pessoas que são capazes de sentir os problemas.
As pessoas que efetivamente lutam por um mundo melhor, em todas as suas dimensões, precisam ter força, tino, uma perspectiva muito clara e ampla, e muita habilidade para persuadir os outros de que lutam por objetivos comuns universais, com base em interesses efetivamente comuns, num universo onde todos somos solidários, queiramos ou não. Nosso planeta é nossa casa comum, ou nossa nau comum.

19. O modelo de argumentação, de reflexão e de enfoque da realidade da “Macrópolis” baseia-se nos princípios da Tetralogia Analítica, que assenta sobre quatro pilares: sentir, pensar, agir e interagir ou sentimento, pensamento, ação e interatividade.
Na Macrópolis não polemizamos, não nos afrontamos, mas sabemos propor novas ideias e nova apreensão da realidade que nos cerca. Contrapomos propostas, com propostas; princípios, com princípios; argumentos, com argumentos. Não dizemos: “não concordo” mas dizemos: “eu penso por outro caminho...” e digo qual caminhos e as razões do mesmo. Esta atitude inspira-se no taoísmo, onde, em tudo, há algum bem e algo precário.
Acreditamos que, no mundo dos mortais não há mal e nem bem em dimensões absolutas.
Então não podemos demonizar ninguém.
Dizemos que estas são as quatro linhas básicas ou os quatro pilares de pensamento e de análise da reflexão filosófica sobre o nosso mundo. Cada uma das quatro linhas de trabalho vai se subdividindo em outras, por ser um processo dinâmico de análise.
O quarto pilar é o que tem de novo e original, na Tetralogia, dentro da GLOBISSOFIA: a alteridade, o interagir com outro que gera a solidariedade. A Tetralogia assume a alteridade como parte integrante da visão de mundo.
(20/08/2010)
Leia: Dar é Humilhar (clique)

Decálogo Humanista

 APRESENTAÇÃO
J. Jorge Peralta

O presente texto, Decálogo Humanista, nasceu em 2003, como Decálogo do Educador. Quisemos formular uma série de princípios que todo o educador precisa ter em mente, subjacente à sua atuação no magistério. O Decálogo levou a novas Reflexões que nos levaram ao Pacto Humanista e à Tetralogia Analítica, que precisamos formatar.
Inicialmente, o Decálogo tomou o aspecto de uma sineta que convoca para o início de nova jornada de trabalho, ou como um despertador que lembra  alguns princípios  e atitudes de que todos têm conhecimento, mas que a complexidade de nosso mundo, tecnicizado e desumanizado, começou a esquecer, já no final do século passado.
Para esclarecer as ideias do Pacto e da Tetralogia Analítica, novas reflexões nos levaram a produzir outros textos, pelos quais as novas formulações de princípios e atitudes se tornassem exequíveis.
Ao ler o Decálogo Humanista Vivencial, que a seguir apresentamos ao leitor, será fácil entender todo o arcabouço de ideias que desenvolvemos, na linha da Tetralogia, do Pacto e da Macrópolis.
O texto, que dá saída imediata para o Decálogo, é “Perspectivas do Decálogo Humanista”.
De antemão esclareço que os textos da série Tetralogia têm como foco, uma prática transformadora.

São Paulo, setembro de 2010

Perspectivas

PERSPECTIVAS DO

DECÁLOGO HUMANISTA

- A Prática e a Gramática da Tetralogia Analítica –
José Jorge Peralta
I
UM NOVO PARADIGMA HUMANISTA - VIVENCIAL
1. O Decálogo Humanista, transcrito adiante, propõe-se com um despertador das consciências vivas da nossa sociedade. Quer chamar a atenção para valores perenes, que muito vão soterrando num mar de desinformação desestruturante, que já abala a sadia convivência humana,  a integridade das pessoas e a harmonia universal de todas as espécies.
No Decálogo, temos em vista as Duas Cidades: a que temos, a Megalópolis e a que queremos, a Macrópolis. A Macrópolis é a humanização da Megalópolis. É um paradigma e um ideal a perseguir: um estado de espírito.
A Macrópolis será sempre uma bela utopia. Estará nas dimensões de um ideal que podemos alcançar paulatinamente. É algo que, se quisermos, será possível.
A cidade é feita de pessoas. Para estas se preparam equipamentos urbanos. Não o inverso, como muitas vezes acontece. É questão de conseguir ver e apreciar valores superiores,   além dos circunstanciais.
O Decálogo Humanista propõe alguns parâmetros de atuação e convivência social, como garantia da prioridade da pessoa humana, onde deve mirar o enfoque do gestor.
O Decálogo acredita que a consciência, a competência e a solidariedade poderão superar a mediocridade que se alastra, como pandemia, em nosso tempo.

2. Os parâmetros do Decálogo partem da consciência da pessoa; não lhe são impostos de fora. A pessoa consciente, procura estar ciente de como deve agir; como ser alguém de compromisso humano e social, sem imposições externas. Gente que não se omite nem segue a filosofia dos quatro macaquinhos: não vejo, não ouço, não falo, e não faço. Gente que faz e vê, ouve e fala. A Lei mais eficaz é a da consciência. Não precisa de imposição nem de repressão. Não está escrita em Códigos, mas no coração e no pensamento.
O Decálogo está vinculado à Filosofia Tetralógica e ao Pacto Humanista Global, uma entidade humanista, sem organização social.  Um pólo de reflexão, abrindo novas fronteiras, na consciência de cada um. São princípios que as pessoas vivenciam, onde quer que estejam, em sua consciência humanística e cívica.
O Pacto cabe em qualquer linha filosófica, espiritualista ou sociológica. São princípios norteadores de uma vida melhor, comprometida com o bem comum, e com a prosperidade solidária e altruísta.
O Decálogo Humanista está escrito em tábuas da lei, guardadas no coração, na mente e no psiquismo das pessoas.  Aqui apenas o lembramos, para que não caia no esquecimento. Não substitui o Decálogo bíblico; antes lhe dá novas dimensões e o pressupõe. Aqui damos as mãos a muitos milhares de pessoas que, pelos quatro cantos  do mundo, trabalham na mesma messe, com idênticos propósitos.

3. O Decálogo é feito para gente e não para vestais, gente que sente, sofre e ama; gente que ouve, vê e fala; gente de pés no chão e cabeça no alto; gente que trabalha sofre, se alegra e resolve; gente que sabe o que é adversidade; gente que vê e sente para além dos fatos materiais; gente para quem  a vida não é apenas uma aventura circunstancial, que, como o vento, se esvai; gente que não se omite e nem desiste; gente que não brinca com palavras vazias; gente de grandes ou pequenos ideais; gente real; gente de sucesso e gente sofrida; gente competente e consciente, dedicada e ousada... Gente, gente como toda a gente que vive e sente... Gente precária, com deficiências naturais, mas também com valores e talentos excepcionais.
Esta gente  forma a base de uma sociedade mais eficiente, próspera e consciente. Gente que não fica fechada em gabinetes, distribuindo oráculos inquietantes, ou soluções mirabolantes, sem compartilhar emoções e vivências, sem escutar e sem observar o mundo ao seu redor, sem escutar o clamor das ruas, das praças e dos becos, onde o povo está.

4. O Decálogo é feito para gente que considera que as instituições devem ser espaços estimulantes, agradáveis, acolhedores e produtivos;
Que considera que nesta obra devem estar comprometidos todos os agentes da instituição, em todos os setores de atuação;
Que considera que o desenvolvimento é obra coletiva que deve ser construído com qualidade, eficiência  e persistência.
Gente que sabe que a cidade deve ser amada e não apenas usada; Gente que sabe que a cidade se faz mais com pessoas educadas do que com grandes prédios, grandes viadutos e grandes empreendimentos, por mais belos que sejam. É questão de prioridade existencial.
Gente que sabe que a falta de uma educação séria e solidária põe a perder a paz, a justiça e o bem-querer.
Gente que está convicta  de que cada um precisa saber fazer o seu projeto de vida, com ciência, sabedoria, liberdade e responsabilidade social e pessoal.
O projeto Macrópolis, pensa a cidade que queremos, para a atual e para as próximas gerações; para o próximo centenário e não apenas a cidade que queremos para as próximas eleições.
Precisamos pensar em escala planetária e existencial.
Num mundo real sabemos que o paradoxo nos surpreende, por toda a parte.
Sabemos, em contraponto, que a cada ação responde uma reação, em busca do equilíbrio possível.
II
UMA NOVA TRINCHEIRA E UM DESPERTADOR
5. O Decálogo Humanista surge como uma reação a um certo farisaísmo disfarçado que se alastra, em alguns setores da sociedade contemporânea, em escala global.
Há um fascismo latente entrincheirado, em um discurso do agrado da platéia, Tais discursos servem para levantar uma bandeira “de justiça social”, que é usada como viseira..., condicionante do ponto de vista das pessoas e manipulando-as.
Defende-se a humanidade, em termos abstratos e distantes, mas não se dá o mínimo respeito à Ética e às pessoas que cercam os pretensos defensores, como se fala em proteger  a Amazônia, mas não se protege o verde das praças e avenidas, ao nosso lado. Dizem amar os distantes, mas rejeitam os próximos...
Falam de caridade, em abstrato, mas são calculistas gananciosos, que fecham os caminhos para os excluídos...
Prometem dias melhores para o mundo, agindo como teóricos privilegiados, estatelados em fofas poltronas, em gabinetes acarpetados, à prova do ar e do som que vem das ruas e dos espaços  que ocupam os excluídos e humilhados, sem direito a uma educação de qualidade, deserdados...

6. O Decálogo propõe-se como uma trincheira, que possa dar às coisas o devido nome, rasgando máscaras e abalando o grande estelionato educacional e político que  compromete a nossa sociedade, a partir de concretos grupos sociais: aqueles com quem cruzamos dia-a-dia.
O Decálogo, como já afirmamos, propõe-se como um despertador, que quer chamar a atenção das pessoas para certos valores essenciais, que vão sendo esquecidos em muitos meios, ou que já têm espaço restrito, neste mundo de superinformação que já leva à desinformação.
Queremos extirpar os eufemismos manipuladores.
Queremos dar à justiça, o nome de justiça e à injustiça, o nome de injustiça; à ganância, o nome de ganância; à violência, o nome de violência; à falsidade, o nome de falsidade; ao farisaísmo e à  hipocrisia , o nome de farisaísmo e hipocrisia; ao fascismo, o nome de fascismo; à teoria, o nome teoria e à prática o nome de prática; à solidariedade,  o nome solidariedade, e à opressão o nome de opressão; ao respeito, o nome respeito e à cooptação, o nome de cooptação; à cumplicidade, o nome de cumplicidade e à omissão, o nome de omissão; à soberania, o nome de soberania e á subjugação, o nome de subjugação. E muito mais.
O fascista típico apela para algo “belo”, abstrato, como a “humanidade”, que deve substituir as pessoas reais, sempre incômodas, que vivem ao seu lado. Estas devem ser dizimadas, em favor do modelo teórico “politicamente correto”, autômato, forjado em algum gabinete anômalo.
Diziam os antigos romanos que “o povo quer ser enganado”. Pois a Macrópolis afirma que o povo está cansado de ser enganado.

III
MACRÓPOLIS, A CIDADE LUZ
Focar as Causas com Lealdade
7. Visando fornecer elementos de reflexão, e auto-consciência, resumimos neste DECÁLOGO, as normas que norteiam a vida pessoal e social e a formação de uma cidade de pessoas, com boa educação e altos princípios éticos e humanísticos. Cada um precisa fazer sua parte, com  qualidade e competência, dedicação e persistência, para o bem próprio, de todos  e de toda a nação. Cada um aja pelas forças que lhe vêem do seu interior, pela consciência.
A cidade é uma questão social e não uma questão policial. A polícia entra apenas para coibir atos anti-sociais, quando a educação não soube ser eficiente para todos.
Os parâmetros aqui expostos precisam ser procurados, em toda a parte onde a pessoa atua. São um rol dinâmico e nunca fechado ou exaustivo.
A cidade não é um espaço de demagogos,  de populistas ou de aventureiros golpistas. É antes espaço de estadistas e de educadores. Isto na teoria. Na prática se inverte. Os demagogos roubam a cena.
Devemos chamar a atenção, de novo, para não confundirmos nomes e coisas ou sujeitos.
Para ser educador não basta apenas ter o nome de educador; é antes, pensar, agir, saber e sentir como tal.
Educadores de nome, temos muitos; EDUCADORES de fato temos muito poucos. Saibamos então valorizá-los e multuplicá-los.

8. Não podemos continuar a enganar as pessoas, com uma pseudo-liberdade, que antes é subjugação.
A educação na Macrópolis é atribuição de uma cidade de educadores: os professores, os comunicadores, os sociólogos, psicólogos, arquitetos, engenheiros, advogados e administradores. É feita na família, na escola e em toda a sociedade. É uma cidade educativa.
O Pacto Humanista sabe que os Demagogos, populistas e corruptos vão ocupando o lugar dos educadores, dos políticos, dos estadistas e dos que têm um ideal que prioriza as pessoas, a dignidade, a honra, a competência, cooperação e a persistência.
A Macrópolis é a cidade dos humanos; a cidade que eles são capazes de sonhar e, aos poucos, querem e podem implantar, se os  demagogos deixarem a consciência coletiva do povo falar, reagir e atuar.
A Macrópolis é a Cidade Luz, sem becos morais infétidos que podem contaminar as pessoas.
Precisamos saber promover humanamente as pessoas excluídas, que vivem em becos de pobreza. Mas só o conseguiremos, se extinguirmos os “becos” da falta de ética dos exploradores venais.
Precisamos extinguir os problemas, primeiro nas suas causas; os efeitos logo se diluirão.
A Macrópolis quer recuperar e revigorar as forças matriciais da Nação e da cidade.

9. O Decálogo está vinculado à Filosofia Tetralógica e ao texto: “Paradoxos e Paradigmas” da vida contemporânea. São pontos para discutir, em situações específicas. Quer ir muito além de certa mediocridade que vai se disseminando por toda a parte.
O Decálogo prioriza a formação do caráter e da consciência  das pessoas, como base de toda a revitalização da cidade, criando um mundo solidário, de paz e de justiça, onde, cada um poderá ter condições de ganhar o próprio sustento e dos seus, sem dependência nem cabresto. O contrário disto é o mundo tutelado, por aproveitadores, sem escrúpulos e sem ética, que também existem.
O Decálogo é um espaço aberto, com amplas portas e janelas. Mostra caminhos sem os impor. Atende  a perguntas; esclarece. O Decálogo pensa que impedir  as perguntas é marca do obscurantismo, indigna de pessoas inteligentes. O Decálogo busca a claridade para as pessoas que cultivam a auto-consciência.
O Decálogo dissipa o obscurantismo e a mediocridade daí decorrente, como o sol dissipa a escuridão da noite.

O Decálogo Humanista tem, como suporte, dez palavras-chave:
1- Participação; 2- Urbanidade; 3- Ética; 4- Motivação; 5- Aprimoramento; 6- Produtividade; 
7- Reforço; 8- Economia; 9- Espírito Democrático; 10- Qualidade.
Cada princípio do Decálogo é desdobrado em outros tópicos correlatos.

10. Precisamos pensar nas pessoas e nas instituições, quando pensamos na revitalização da cidade. Em função destas são pensadas as praças, avenidas e viadutos; a arborização e preservação do meio ambiente, no solo, no ar e nas águas, e tudo o  mais que forma a estrutura funcional da cidade.
O Decálogo Humanista, ao desenvolver a consciência cidadã, vai afastando as sombras  da mediocridade e da arrogância que tanto mal trazem a convivência humana, como o sol dissipa a escuridão da noite, saudando um novo dia. O decálogo propõe-se  revitalizar a pessoa, como alguém dotado de pensamento, sentimento, atuação e alteridade, alguém que pensa o ser humano em sua totalidade... o ser Humano Integral; a Pessoa Tetralógica.